FMT participa de estudo inédito que vai testar um novo exame para tuberculose

A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), unidade da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), iniciará, nas próximas semanas, um projeto inédito que vai testar um novo método para detectar a tuberculose. Trata-se de um exame de sangue que pode acelerar o diagnóstico e o tratamento da infecção.
 
O estudo será desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um centro de pesquisa da África do Sul. A Policlínica Cardoso Fontes será parceira da FMT na condução da pesquisa, no Amazonas.
 
De acordo com Marcelo Cordeiro, pesquisador da FMT-HVD e um dos coordenadores do estudo no Brasil, o método foi desenvolvido por pesquisadores ingleses da Universidade Oxford, que identificaram que a maioria das doenças produz no organismo uma espécie de “assinatura”, ou seja, deixa uma “impressão digital”. A partir desse conhecimento, eles idealizaram um exame de sangue capaz de detectar, por meio dessa “impressão digital”, se a pessoa tem tuberculose ou não.
 
“A expectativa é que, em um futuro próximo, o resultado desse exame saia em 20 minutos. Hoje, o resultado sai em 2h”, explicou Cordeiro.
 
Duração da pesquisa – O estudo deve durar em torno de dez meses, segundo Cordeiro. Ao todo, mil pessoas – em contato com a tuberculose, com suspeita da infecção e com a doença em si – serão incluídas na pesquisa.
 
“Essas pessoas serão atendidas normalmente. Vamos coletar sangue delas e, posteriormente, testar essas amostras com esse método. Vamos confrontar o resultado com os exames utilizados atualmente e avaliar se essa técnica foi realmente capaz de identificar quem tem ou não a doença”, explicou. 
 
Benefício para a população – Ainda segundo o coordenador da pesquisa na FMT-HVD, se o método for realmente eficaz, poderá vir a ser utilizado pelo serviço público, assim como aconteceu com o Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB), que também teve a participação da fundação, e passou a ser ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2014.
O diretor presidente da FMT-HVD, Marcus Guerra, acredita que a realização desse projeto na instituição trará uma série de benefícios. Segundo ele, vai qualificar recursos humanos na área da saúde – alunos de mestrado e doutorado da instituição –, trazer novos investimentos em equipamentos e materiais de consumo, ampliar o conhecimento científico produzido pelos pesquisadores da área de tuberculose da Fundação, possibilitando, desta forma, o desenvolvimento de novas pesquisas e, mais importante do que tudo, irá beneficiar a população.
 
“Quanto antes se detecta a doença, melhores são as chances de cura e também a adoção de medidas de prevenção”, afirmou.
 
Reconhecimento – O diretor de Ensino e Pesquisa da FMT-HVD, Wuelton Monteiro, ressalta que, ser escolhida para conduzir esse estudo, é uma demonstração de que a FMT é reconhecida como um centro de excelência em pesquisa. “Isso é fruto de investimentos de pesquisadores, instituição e do Estado”, disse.
No Brasil, o projeto será coordenado por Marcelo Cordeiro e pela professora Anete Trajman, da UFRJ e da McGill University de Montreal, Canadá. O estudo é financiado pela Comunidade Europeia.

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