Testemunha diz que vereador de direita planejou assassinato de Marielle
A 6 dias de completar dois meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista dela Anderson Gomes, uma reviravolta no caso pode levar ao autor e a motivação do crime.
Reportagem exclusiva do jornal O Globo mostra que uma testemunha procurou a polícia para contar o que sabe em troca de proteção. O homem que diz estar jurado de morte afirma que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e Orlando Oliveira de Araújo, ex-PM preso por uma acusação de liderar uma milícia, planejaram juntos o assassinato de Marielle.
De acordo com o relato da testemunha que O Globo teve acesso, o vereador e miliciano começaram a arquitetar a morte da vereadora em junho do ano passado. A vereadora, que foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSol) na CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio, estaria atrapalhando as atividades da milícia.
“A desavença entre o vereador e Marielle foi motivada pela expansão das ações comunitárias da parlamentar do PSOL na Zona Oeste e sua crescente influência em áreas de interesse da milícia, mas que ainda seriam controladas pelo tráfico”, diz trecho da reportagem.
Outras duas pessoas, Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, e Anderson Claudio da Silva, também teriam sido assassinadas pela milícia, segundo a reportagem.
O delator contou que foi obrigado a entrar para a milícia e passou a ter problemas quando decidiu sair. Ele diz que instalava equipamentos de TV a cabo clandestinos na região e teve que deixar a atividade quando Orlando assumiu o controle dia comunidade da Boiúna, em Jacarepaguá.
“Em 2015, Orlando de Curicica matou um dos meus sócios e me procurou. Deixou claro que eu poderia morrer também. Entreguei tudo para ele e entrei para a quadrilha. Até acontecer um problema: pedi para sair, mas ele não deixou. Passei, então, a ser uma espécie de segurança. A tarefa principal era dirigir para o filho e a mulher dele”, disse a testemunha, segundo O Globo.