Para o eleitorado, Moro e Temer estão juntos em reprovação
Segundo o dado divulgado periodicamente pelo Estado de S. Paulo relativo à pesquisa Estadão-Ipsos, a desaprovação de Sergio Moro vem caminhando junto com a de Michel Temer.
O gráfico mostra na escala do eixo vertical esquerdo o percentual para Moro, e no eixo vertical direito os valores para Temer.
É possível notar que de outubro de 2015 a outubro de 2016 a desaprovação de ambos caiu. No meio das duas datas há o impeachment de Dilma: quando Sergio Moro teve um papel crucial ao divulgar as conversas entre Dilma e Lula, e Temer se tornou o principal beneficiário da saída do PT do Palácio do Planalto ao assumir a presidência da república.
A partir de outubro de 2016, a desaprovação de Michel Temer aumentou de forma meteórica até junho de 2017, desde então, tendo alcançado o patamar de 85% de rejeição, ela tem permanecido estável. No caso de Moro sua desaprovação também aumentou no mesmo período, ainda que de forma bem menos acentuada do que a de Temer. Porém, o que se destaca é o crescimento de sua rejeição a partir de junho de 2017, quando estava no patamar de 20%, até a última pesquisa em junho de 2018 quando sua rejeição atingiu 40%.
A evolução da rejeição de Temer e Sergio Moro sugere que os seus destinos, ao menos no que diz respeito às suas imagens junto ao eleitorado, estão umbilicalmente ligados. Durante o ano de 2017 as principais aparições de Sergio Moro na mídia nacional tiveram relação com os depoimentos de Lula a ele, assim como a condenação do petista. Para o eleitorado, consequentemente, Moro é o principal responsável pela prisão de Lula. Ocorre que Lula é visto pelo eleitorado como o opositor por excelência do Governo Temer.
Moro é responsável direto pelo impeachment e responsável direto pela prisão de Lula, isto é, ele colocou no poder um governo impopular e retirou de cena aquele que representa a mudança.
A entrada de Sergio Moro na cena pública remonta ao seu memorável artigo acerca da operação mãos limpas no qual ele defende a utilização da mídia, e consequentemente da opinião pública, como recurso para pressionar o judiciário a tomar decisões que levem à condenação de líderes políticos.
Mais recentemente, Moro admitiu, também publicamente, que se equivocou ao solicitar de maneira açodada que José Dirceu, do PT, passasse a utilizar tornozeleira eletrônica. O juiz não havia sido notificado oficialmente, mas sim teve ciência da soltura de Dirceu pela mídia. Dito isto, ao considerar o comportamento pretérito e presente de Moro, é possível afirmar que ele tenderá a manter sua imagem associada ao Governo Temer, que termina daqui a seis meses.
O destino da imagem de Moro a partir de janeiro dependerá do resultado das eleições.