Mandetta não esconde problemas com Bolsonaro e elogia governadores

A coletiva diária do Ministério da Saúde que vinha acontecendo desde a chegada do coronavírus ao Brasil teve seu formato alterado ontem (30).

A comunicação com a imprensa, habitualmente feita pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e técnicos da pasta, dessa vez foi compartilhada com outros ministérios. Participaram da entrevista, os chefes da Casa Civil, da Infraestrutura, da Cidadania e da Advocacia-Geral da União.

A mudança, que foi vista por analistas como uma perda de protagonismo de Mandetta, é, na justificativa do governo, uma forma de resolver o problema de modo transversal.

Na coletiva, Mandetta foi questionado sobre os desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro. O ministro não negou as divergências, mas afirmou que essas tensões são naturais, diante do tamanho da crise causada pela pandemia de covid-19.

“As tensões são normais pelo tamanho desta crise”, afirmou Mandetta. “Esse não é nosso maior problema. Essa é uma parte do problema”, continuou.

O ministro ainda foi taxativo ao dizer que enquanto estiver nomeado, vai “trabalhar com a ciência e a técnica”.

O principal ponto de desentendimento entre Bolsonaro e Mandetta tem sido a forma de reagir à evolução da pandemia. Enquanto o Planalto defende a volta da normalidade, com a retomada das atividades econômicas, o Ministério da Saúde, com base nas recomendações científicas, prega o distanciamento social.

O ministro ainda aconselhou governadores a manter as recomendações de distanciamento social por serem, no momento, as práticas mais recomendáveis. Mandetta chegou a elogiar as medidas de isolamento adotadas no Distrito Federal, pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). O DF foi o primeiro estado do país a fechar escolas.

Fim abrupto

A entrevista coletiva teve um fim abrupto. Assim que uma repórter questionou os ministros a respeito do passeio que Bolsonaro fez pelo Distrito Federal, o chefe da Casa Civil, Braga Netto, fez um sinal à assessoria do governo de que a entrevista deveria acabar. Nesse momento, o cerimonial informou o fim da coletiva e dispensou os ministros da mesa. Mandetta continuou na sala apresentando dados da evolução da pandemia, mas sem a possibilidade de os jornalistas fazerem perguntas.

Novos exames

Ainda na coletiva, Mandetta afirmou que a partir desta semana o país começa a receber novos testes para o covid-19. Com isso, mais pessoas serão testadas e a expectativa do Ministério é de que em decorrência do aumento dos testes haja um salto no número de casos confirmados no país.

FONTE: Congresso em Foco

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