Lula afirma: “Se eles não me deixarem falar, falarei pela boca de vocês”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite de ontem (02/04) , em ato no Circo Voador, no Rio, que sua atuação política continuará por meio de seus apoiadores, sob quaisquer circunstâncias.

“Se eles não me deixarem de falar, falarei pela boca de vocês. Andarei com as pernas de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês”, declarou em discurso a dois dias do julgamento de seu habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O encontro, intitulado “Ato em defesa da democracia e justiça para Marielle Franco”, reuniu representantes de partidos da esquerda, como Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL) e Marcelo Freixo (PSOL).

Lula fez elogios aos presidenciáveis Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos. “Isso aqui (a esquerda) não é uma seita, que todo mundo tem que pensar igual. Ter Manuela e Boulos como candidatos é um luxo.”

Dirigindo-se à família da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 e também homenageada durante o ato, Lula afirmou que o pensamento da parlamentar seguirá vivo. “Eles pensam que matando a carne acabam com a pessoa. Mas não acabam com os sonhos e as ideias.”

O ex-presidente também aproveitou o ato para comentar que deseja ver o mérito de seu processo sobre o triplex do Guarujá julgado, para que a “verdade” a seu respeito seja restabelecida. O petista afirmou ainda que a TV Globo fez um acordo com a Netflix para a produção da série “O Mecanismo”, sobre a Operação Lava Jato. O julgamento do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) está marcado para esta quarta-feira e pode livrá-lo da prisão.

“Eu não estou aqui pelo direito de ser candidato. O que eu quero é que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência. Eu quero é que eles votem o mérito do meu processo. Não estou acima da lei, tenho que ser tratado como qualquer cidadão. Quero é que digam a verdade a meu respeito”, afirmou Lula.

O ex-presidente criticou “O Mecanismo”, do diretor José Padilha, pelo fato de a série ter colocado o personagem inspirado nele falando a frase “é preciso estancar a sangria” – originalmente dita pelo senador Romero Jucá (MDB-RR) e captada em grampo autorizado pela Justiça.

“A TV Globo, embora seja o canal de maior audiência, não tem mais a mesma credibilidade. Agora eles fizeram um acordo com a Netflix, de contar uma mentira que a Globo não teve coragem de contar. Colocaram na minha boca o que o Jucá falou, colocaram o (doleiro Alberto) Youssef no comitê de campanha da (ex-presidente) Dilma (Rousseff), e outros que tais.” A série é “livremente inspirada” na Lava Jato, segundo Padilha, e por isso não segue à risca os fatos reais da operação.

Do ato desta segunda-feira participaram o compositor Chico Buarque (que não discursou) e parlamentares de PT, PSOL, PSB, PDT, PCO e PCdoB. Com capacidade para cerca de duas mil pessoas, a casa de espetáculos ficou lotada por apoiadores do ex-presidente.

Lula foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 12 anos e um mês de prisão em janeiro deste ano, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá. A decisão ratificou a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba em julho do ano passado.

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