Ex-diretor do FBI vê Trump como “moralmente inapto” para a presidência dos EUA
O ex-diretor da Polícia Federal dos Estados Unidos considera que Donald Trump é “moralmente inapto” para a Presidência dos Estados Unidos. Em entrevista à ABC News, James Comey afirma que Donald Trump lhe pediu “lealdade pessoal” e acredita que há “provas” que o Presidente tentou limitar a investigação ao alegado conluio russo nas presidenciais de 2016. Apesar das críticas, Comey não defende que Trump deva ser alvo de um processo de destituição.
Quase um ano depois de ter sido afastado por Trump, James Comey não poupa nas palavras contra o Presidente dos Estados Unidos. O ex-diretor da polícia federal norte-americana afirma que Donald Trump é perigoso e “moralmente inapto” para liderar a Casa Branca.
“O nosso Presidente deve encarnar o respeito e aderir os valores do nosso país. O mais importante dos quais é a verdade. Este Presidente não é capaz de o fazer”, afirma Comey em entrevista à ABC News.
James Comey refere-se a Trump como “alguém que fala das mulheres e as trata como pedaços de carne, que mente permanentemente e insiste para que o povo norte-americano acredite nele” “Esta pessoa não está apta para ser presidente dos Estados Unidos por razões morais”, concretiza.
O ex-diretor do FBI esclarece ainda que “não acredita” que Donald Trump tenha alguma deficiência mental ou qualquer tipo de demência. “Não acredito que esteja medicamente inapto. Acredito que ele é moralmente inapto para ser Presidente”, afinca.
Na entrevista, James Comey insiste que Donald Trump lhe pediu lealdade. “Ele pediu a minha lealdade pessoal enquanto diretor do FBI. A minha lealdade pertence ao povo americano e à instituição”, argumenta. Na rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos voltou a desmentir tal pedido: “Mal conhecia este homem. Mais uma das suas muitas mentiras”, escreveu.
James Comey é atualmente uma figura central na investigação à alegada interferência de Moscou na vitória eleitoral de Trump. O ex-diretor do FBI acusa Donald Trump de lhe ter dito “espero que possa deixar passar isto em branco” em fevereiro de 2017.
Comey interpretou esta conversa como um pedido para que desistisse da investigação contra Michael Flynn, conselheiro de Trump para a Segurança Nacional que foi forçado a demitir-se em fevereiro de 2017 por ter contactado com autoridades russas durante a campanha presidencial.
Na entrevista à ABC News, Comey considera “possível” que esta conversa constitua um crime de obstrução à justiça. “Há certamente alguma evidência de obstrução à justiça. Dependeria sempre de outras coisas que tenham reflexo na sua intenção. Mas sou apenas uma testemunha neste caso, não sou o investigador ou o procurador”, responde.
A entrevista não escapou a Donald Trump. Na rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que Comey é “um homem que acaba sempre mal” e que “não é inteligente”. “Será recordado como o pior diretor da história do FBI, de longe!”, conclui o principal visado pelas críticas do ex-diretor do polícia federal norte-americana.