Banco Santander cobra 1.791% mais de clientes brasileiros

O Banco Santander, controlado pela empresária espanhola Ana Botin, cobra em empréstimos, até 20 vezes mais de seus clientes brasileiros, quando comparado aos da clientela espanhola. E, por esse motivo, o Brasil foi o país que mais contribuiu para o lucro mundial do banco espanhol em 2017: foram R$ 10 bilhões, ou cerca de 2,5 bilhões de Euros, que representaram 26% dos ganhos do Santander em de seu lucro global do ano passado.

Enquanto o Brasil vive a sua mais profunda recessão econômica, o oligopólio bancário que atua no Brasil (quatro famílias controlam 60% do mercado) proporcionou ao Santander um crescimento de 42% em 2017, não só por operações de crédito, mas, também, pelos ganhos em taxas e serviços que atingiram o inacreditável valor de R$ 3,8 bilhões.

Taxas que o cliente, muitas vezes, é obrigado a pagar, sem autorização. Debita-se na conta corrente e depois não tem a quem reclamar. As maiores reclamações no Procon são contra operadoras telefônicas e os bancos. E para desgosto do cliente, nem sempre adianta mudar de banco: como praticamente não existe concorrência, as tarifas são quase iguais entre os quatro maiores bancos do oligopólio.

Economistas de tendência conservadora, atribuem as escorchantes taxas de juros cobradas pelos bancos, seja para empresas ou pessoas físicas no Brasil, ao alto endividamento do Estado brasileiro. Esta tese não se comprova. O Estado espanhol deve mais que o brasileiro e, nem por isso, empresas e cidadãos espanhóis pagam as taxas que o Santander cobra dos clientes brasileiros.

Veja a comparação entre a dívida bruta do setor público brasileiro e a espanhola:

PIB Brasil:US$ 1,8 trilhão (fonte: FMI); endividamento público/PIB 76%, sendo que que o principal motivo deste índice foi o nível dos juros pagos pelo Tesouro nos últimos dez anos, em média, de 13% ao ano.

PIB Espanha:US$ 1,2 trilhão (fonte: FMI); endividamento público/PIB = 100%. A Espanha, mesmo pagando taxas de 2,5% ao ano deve o que o país produz em riquezas, o que motivou a crise de confiança no país que se juntou a Portugal e Grécia como países de alto risco financeiro, com risco de calote.

Os números mostram que o estado espanhol tem uma relação de endividamento/PIB, 30% maior que a do brasileiro e, nem por isso, as empresas espanholas e cidadãos pagam taxas de usura que se praticam no Brasil, principal inibidor do crescimento e do desenvolvimento da economia brasileira. Ao contrário, os ganhos dos bancos refletem o aumento da miséria do país que virou “paraíso dos rentistas”.

Mais ainda: ao contrário do Brasil, que possui cerca de US$ 375 bilhões em reservas, portanto com saldo positivo com relação ao que deve, a Espanha não teria caixa para saldar sua dívida externa, o que mostra fragilidade para todo o sistema bancário espanhol.

A tese de que as taxas de juros no Brasil são as mais altas do mundo porque o governo é o maior tomador de recursos, não se comprova. Evidência disso é que o déficit fiscal primário do Estado brasileiro aumenta todos os meses, e as taxas de juros praticadas pelo governo Temer caem mensalmente e atingiram o seu menor patamar nos últimos 30 anos: 6,75% ao ano. E tudo indica que cairão em 21 de março para 6,50% na reunião do Copom.

Mas ainda assim, como a inflação está abaixo de 3% (2,84% no acumulado de 12 meses em fevereiro), o governo do Brasil pratica a segunda taxa real de juros mais alta do mundo para financiar o seu déficit fiscal. Para deleite dos rentistas e bancos brasileiros. Não esquecendo dos fluxos internacionais que nos Estados Unidos e Europa recebem zero de juros, ou como na Alemanha que, ao invés de pagar, cobra dos clientes e poupadores para deixar o dinheiro dormir na conta.

Hoje, um dos maiores problemas da economia mundial é o excesso de liquidez. Os países industrializados não sabem o que fazer com o estoque de recursos. E, o Brasil, com quase US$ 400 bilhões em caixa, não tem remuneração que ultrapasse 2% ao ano. Mas paga 6,75 % ao ano para financiar sua dívida interna. Em outras palavras, o governo brasileiro joga bilhões no lixo todos os meses somente na diferença entre o que recebe por suas reservas e o que paga para financiar a dívida.

Maus pagadores

Outra tese para se tentar justificar as taxas de juros praticada pelo oligopólio bancário brasileiro e, neste caso, pelo Santander, seria a alta taxa de inadimplência da clientela brasileira, isto é, correntistas que deixam de pagar seus empréstimos. Novamente, a tese não se comprova.

Veja a comparação da inadimplência:

Santander Brasil: 4,5%;

Santander Espanha: 4,7%.

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