Alimentos orgânicos ganham força em Manaus e eu ando louca por eles!

O movimento do consumo consciente e responsável e da alimentação saudável tem ganhado, cada vez mais, força em Manaus. Somente na capital amazonense e municípios vizinhos, como Iranduba e Presidente Figueiredo, já são aproximadamente 80 famílias produzindo hortaliças, frutas, legumes e até as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

São agricultores familiares, que tiram o sustento da terra, eles cuidam do processo desde o solo e a produção de adubo orgânico até a colheita e entrega dos produtos ao público final em feiras ou a domicílio. Os clientes são pessoas como eu, que vem buscando se alimentar de forma mais saudável, sem radicalizar, optando por alimentos orgânicos e locais.

Foi assim, que busquei conhecer de perto quem produz o que vai para a minha mesa. E encontrei dona Walda Ferreira, filha de agricultores familiares e que a vida toda se dedicou a viver do que a terra dava. “Hoje sou certificada e forneço cestas de produtos orgânicos como hortaliças, PANCs e frutas para clientes que pagam mensalmente. Além disso, parte da nossa produção também é vendida para a merenda escolar do município”, revela.

Localizado no município de Iranduba, o sítio da dona Walda (@cesta.verde.dona.walda)é também sua residência. Desde a entrada até o enorme quintal, tudo ali é cultivado de forma orgânica e a maior parte é comercializada. Amoras, limões e um plantio considerável de couve, alface, rúcula, brócolis e mais uma infinidade de espécies que fazem a cesta dela ser rica em variedade e uma das mais populares em Manaus.

“Numa mesma cesta, que entrego todo sábado em Manaus ou na casa da pessoa, pode ter mamão, maracujá do mato e abacaxi e repolho, tomate cereja e folhas de taioba. Isso só para falar por alto, porque cada cesta pode ter até 23 itens, dependendo do pacote que o cliente escolher”, explica. O sistema dela funciona como uma assinatura mensal, que vai de R$ 110 a R$ 200 e onde o cliente recebe quatro cestas por mês.

Andando pelo cultivo é impressionante ouvir dona Walda, e seu marido, Janilson Costa, que produzem até 200 toneladas de couve por ano e vivem da agricultura orgânica, que um dos mais importantes trunfos da agricultura orgânica é a produção consorciada. Então é fácil encontrar em um metro quadrado de terra mais de cinco espécies diferentes plantadas e dando frutos viçosos.

Formiga no pé, por exemplo, é sinônimo de terra sem agrotóxico. Onde tem terra saudável tem insetos e outros bichinhos. Passarinhos aparecem sempre, espantalhos assustam aqui e ali, e assim tudo vai brotando sem a interferência de pesticidas ou adubos químicos.

“Aqui fazemos o adubo, por meio da compostagem, temos ‘minhoqueiro’ e ainda utilizando tudo que temos de espécies PANCs. Então tudo é aproveitado e reaproveitado”, conta Janilson. Talvez por isso mesmo o sabor das frutas e verduras é forte e adocicado na medida certa.

Assim como dona Walda, e seu marido, Janilson Costa, que produzem até 200 toneladas de couve por ano e vivem da agricultura orgânica, outros tantos produtores encontraram nesse ramo uma fonte de renda crescente. Eles estão organizados junto a Rede Maniva de Agroecologia (REMA), um movimento social que une agricultores e parceiros de diversas organizações governamentais e não governamentais, pesquisadores, técnicos, nutricionistas e até gente da gastronomia, pelo fomento e promoção da agroecologia no Amazonas

Criada em 2009, a REMA tem um papel vital na certificação participativa no estado e constituiu o primeiro, e por enquanto único, Sistema Participativo de Garantia da Região Norte do país.

No caso da certificação participativa, é o próprio grupo de agricultores certificados, que exercendo o controle social e a responsabilidade solidária, garantem a conformidade do produto ao consumidor final, e responde perante o MAPA. Diferentemente da certificação privada, esse processo é gerido pelos agricultores e parceiros. Por isso cria uma base forte para diversos desdobramentos benéficos a partir da manutenção da produção orgânica certificada.

Como reconhecer os orgânicos?

A olho nu todo produto vendido em feiras e mercados podem parecer orgânicos, mas nem sempre são. Orgânicos regionais mesmo são somente aqueles que possuem o Certificado concedido pela Opac Maniva ou pelo Ministério da Agricultura, Produção e Abastecimento (MAPA).

Mas dona Walda dá uma dica preciosa: “desconfie de produtos muito perfeitos e brilhantes. Frutas e verduras orgânicas são bonitas, mas todas podem ter algumas imperfeições”. Em Manaus, apenas duas feiras comercializam somente orgânicos: a Feira de Produtos Orgânicos na sede do MAPA, localizado na rua Maceió, do bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus, que é realizada das 6h às 10h. E a que acontece no estacionamento do Incra, todas as quintas-feiras, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus. Sempre das 15h às 19h.

Quer saber mais?Procure a REMA (facebook.com/redemaniva) ou no Portal de Orgânicos do MAPA (http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos).

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