Galo de Manaus se consolida como espaço plural do Carnaval
Expressão do Carnaval recifense em Manaus, o “primo amazonense” Galo de Manaus chegou à sua 16ª edição reunindo milhares de foliões e abrindo espaço para a pluralidade, num grande festival de ritmos, nesta terça-feira gorda de Carnaval, 5/3, no Sambódromo. A banda, que se consolidou nos últimos anos como encerramento do período oficial da Folia de Momo na capital amazonense, conta com o apoio da Prefeitura de Manaus.
Fundada em 2004, por um grupo de pernambucanos residentes em Manaus e saudosos do Galo da Madrugada de Recife, a banda iniciou seu desfile pelas ruas de Manaus com a participação de 150 foliões, ao som do melhor frevo pernambucano. Em dez anos, o Galo de Manaus tomou “proporções inimagináveis”, segundo os organizadores, chegando a levar mais de 100 mil foliões ao bloco, com saída no sábado gordo de Carnaval, nos moldes do que acontece em Recife, cidade natal do frevo e do Galo da Madrugada.
Com o grande número de público reunido em suas várias edições, o bloco foi convidado a mudar a data do desfile para a terça-feira gorda de Carnaval. Em 2018, o Galo de Manaus estreou sua 15ª edição no Sambódromo de Manaus, com mais de 140 mil foliões presentes na festa.
Quatro palcos, dois trios elétricos e hits eletrônicos comandados pelos DJs Graciano Rebello e a DJ May Seven, com os mais diversos ritmos, fizeram a animação dos foliões. No palco Voltei Recife, a folia começou às 14h, com a Orquestra Manaus Frevo, seguida de TS Folia, The Stone Ramos e Marcia Novo, Adriano Arcanjo e Cauxi Eletrizado.
Já no palco Manaus, as apresentações iniciaram às 16h, com Banda Impakto, tendo na sequência os cantores Eduardo Dornellas, Guto Lima e Xiado da Xinela. No palco Pirão, a apresentação do som mais alternativo reuniu nove bandas autorais e, no palco do Movimento Cultural Boka Maldita, muito samba de raiz com artistas locais. Às 16h, os trios deram início à rota com a banda oficial do Galo de Manaus, seguida de vários artistas, como Pororoca Atômica, Vanessa Auzier, Bloco Afro, Deniz Salvador, João Victor e Rodrigo e Uendel Pinheiro.
“Esta é a nossa quarta participação no Galo de Manaus. Nossa primeira vez foi na edição que aconteceu ainda na Avenida das Torres. Agora, o evento está se ajustando cada vez mais aqui no Sambódromo e a tendência é melhorar a cada ano. A produção do evento vai se adaptando, os artistas e o próprio público. É um evento multicultural. O palco do Pirão, por exemplo, na Avenida do Samba, está só com musica autoral. Por isso, o Galo é considerado um dos melhores eventos de Carnaval de Manaus” afirmou o vocalista da banda Pororoca Atômica, Denis Taumaturgo.
Encantados pelos diversos estilos de música no Galo, o casal Cíntia e Jackson Santiago acompanha, tradicionalmente, as edições da banda, junto com os amigos, sempre fantasiados com cores neon e, claro, com bastante glitter, o hit do Carnaval. “Gostamos de vir no Galo por conta da diversidade que a banda disponibiliza para o público, com vários palcos e com os trios, todos bem acessíveis. Sem falar na segurança e na comodidade, pois dá pra brincar sem preocupação e curtir bastante a festa”, disse Cíntia.
As plaquinhas com os famosos “memes” também fizeram sucesso na banda. No Galo, diversas pessoas colocaram a criatividade para brincar na avenida. As amigas Geovana Ramos e Beatriz Damares capricharam nas plaquinhas e nos acessórios de cabeça, em referência à música “Jenifer” e às rotas de GPS, com a frase “seu destino é aqui”. “Fizemos juntas essas plaquinhas e as travessas e, se duvidar, ainda tem glitter por toda a casa. Sempre combinamos de vir fantasiadas e este ano criamos os acessórios com poucos materiais. Ficou muito legal e divertido pra brincar no carnaval”, disse Geovana.
A pluralidade do Galo de Manaus ficou estampada no palco Pump, que iniciou às 16h com a DJ paulista “Madame C”, residente do Abaré e da Pump. “Assim que comecei, o espaço encheu rapidamente. Mandamos de tudo um pouco: tech house e minimal house, que são os estilos que eu mais gosto, mas tocamos outros estilos também”, afirmou.
A estudante de engenharia química Jackeline Serrão, que estava dançando ao som dos hits eletrônicos na pista, ressaltou que veio para a Banda do Galo pela primeira vez. “Estou me divertindo muito e, particularmente, acabei vindo para ouvir funk e pop, mas também curto outros estilos musicais. Nessa semana também já fui pra outro bloco e agora estou pela primeira vez prestigiando a Banda do Galo”, disse.
A organização disponibilizou a comercialização de camisas personalizadas com o tema deste ano, o Galo Maluco Beleza, que homenageou o cantor e compositor Alceu Valença. As camisas, conhecidas como “frevolês”, terão parte da renda arrecada destinada a quatro instituições convidadas pela organização.
“Entendemos que um evento com as proporções do Galo de Manaus, com a capacidade de reunir cerca de 200 mil pessoas em torno da folia, não pode de forma alguma perder a oportunidade de contribuir com a sociedade, incentivando as boas práticas de cidadania e fomentando a cultura nos seus mais diversos aspectos,” pontuou um dos organizadores do evento, Theófilo Alves.
As instituições participantes da ação são as ONGs Sem Raça Definida, que trabalha na conscientização e políticas publicas da causa animal; o Grupo Raio de Sol, que trabalha na prevenção, acolhimento social e orientação psicológica para pacientes portadores de doenças do sangue; a RNP+AM, organização social que tem como missão a defesa das pessoas vivendo com HIV/AIDS, com prevenção, acolhimento social, orientação psicológica e jurídica; e a Salada Solidária, que realiza ações com pessoas em situação de risco, asilos, creches e comunidades afastadas.
Fonte: Viva Manaus