Valor da produção florestal no Brasil atinge R$ 20,6 bilhões
O valor da produção florestal registrada por 4.897 municípios brasileiros em 2018 alcançou R$ 20,6 bilhões, aumento de 8% na comparação com o ano anterior.
Desse total, o maior valor de produção foi identificado na silvicultura (R$ 16,3 bilhões), que responde por 79,3% do total, com expansão de 11,1% em relação a 2017, enquanto a extração vegetal apresentou valor de produção de R$ 4,3 bilhões, com retração de 2,7% na mesma comparação.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, o valor de produção é a mesma coisa que valor bruto de produção, obtido por meio da multiplicação do preço livre de fretes e impostos pelo total produzido.
Os dados constam da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2018 (PEVS), divulgada pelo IBGE.
A sondagem revela que o número de municípios que responderam pelo valor da produção florestal no ano passado foi ampliado em 60 cidades em comparação a 2017, informou à Agência Brasil o gerente da pesquisa, engenheiro agrônomo Winícius Wagner.
Ele explicou que o valor bruto de produção florestal ficou R$ 1,515 bilhão acima do apurado em 2017, consolidando o terceiro ano consecutivo de crescimento nominal do valor de produção do setor.
Em 2016, o aumento foi de 0,9% e, em 2017, de 2,8%. Wagner disse que a maior participação no valor de produção tem origem no grupo de produtos madeireiros da floresta, atingindo 90,2%. “Somente o valor de produção desse grupo de madeireiros foi 8,5% maior que em 2017”, observou.
O analista do IBGE informou que a queda de 2,7% no valor da produção da extração vegetal em 2018 constitui a terceira retração consecutiva no setor e foi motivada, principalmente, pelo desempenho dos produtos madeireiros, que respondem por 62% do valor de produção florestal do extrativismo e apresentaram, no seu conjunto, queda de 5,2% em 2018 no valor de produção.
“Por eles terem um peso muito grande na lista dos produtos da extração, essa queda de 5,2% do valor de produção desses produtos madeireiros influenciou diretamente o total da extração vegetal no ano de 2018”, explicou.
Maior peso
Winícius Wagner destacou, ainda, que o produto carvão vegetal da silvicultura teve o maior peso no crescimento do valor de produção florestal. “Foi o produto que teve maior influência nesse aumento. Isso por conta da recuperação em 2017 e 2018 do desempenho da indústria siderúrgica, que é o maior mercado consumidor desses produtos, utilizados para consumo energético dessas indústrias”, afirmou.
O valor da produção do carvão vegetal da silvicultura foi R$ 4,1 bilhões em 2018, crescimento de 50,5% na comparação com 2017. O carvão vegetal experimentou expansão da produção anual de 18,9%.
Wagner afirmou que, com o incremento da demanda pelo setor siderúrgico, “a gente percebeu um significativo aumento, o que se refletiu também no preço médio praticado no mercado. Em consequência, houve maior incentivo ao produtor”.
O estado de Minas Gerais concentrou 84,1% da produção nacional de carvão vegetal da silvicultura e mostrou o maior valor de produção da silvicultura (R$ 4,6 bilhões), aumento de 45,7%.
O gerente da pesquisa informou que Minas Gerais passou a liderar também em termos de valor da produção florestal, que engloba silvicultura e extração vegetal, com R$ 4,7 bilhões, incremento de 44,8% no valor de produção, o que representa 22,8% do total nacional, ultrapassando o Paraná, que liderava até então. Em 2018, o Paraná passou para a segunda posição, com R$ 3,6 bilhões.
A análise por municípios revela que Telêmaco Borba, no Paraná, apresentou em 2018 o maior valor de produção florestal (R$ 326,9 milhões), desbancando Três Lagoas (MS) e assumindo a liderança no ranking nacional. Na terceira posição, figura João Pinheiro (MG).
Florestas plantadas crescem 1,3%
Do total de 9,9 milhões de hectares plantados em 2018 em 3.488 municípios, houve aumento de 1,3% na área de florestas plantadas, o que significa 131,8 mil hectares a mais.
Cerca de 70,2% dessas áreas se concentraram nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, sendo que o eucalipto tem participação de 76,2% na área de florestas plantadas, com 7,5 milhões de hectares, e o pinus tem 2 milhões de hectares.
Juntos, os dois produtos totalizam 96,3% da cobertura brasileira. Winícius Wagner destacou que, no Sul brasileiro, o pinus predomina, enquanto o eucalipto é encontrado em todo o Brasil.
O grupo de produtos da silvicultura elevou no ano passado sua participação no valor da produção primária florestal para 79,3%.
Segundo a pesquisa, nas duas últimas décadas tem se percebido um movimento forte de substituição de produtos florestais madeireiros do extrativismo pela silvicultura, pressionado pelo mercado produtor, por políticas setoriais, acordos internacionais e pela própria adequação do mercado à legislação vigente, que tem pressionado esse fluxo de substituição da extração pela silvicultura.
Pinus e eucalipto
De acordo com o IBGE, a Região Sul concentra a maior área de florestas plantadas do Brasil (3.485 hectares ou 35,2%), com predomínio do pinus, enquanto no Sudeste, com 3.458 hectares, correspondentes a 34,9% do total nacional, o eucalipto lidera o plantio.
Minas continua com a maior área plantada (mais de 2 milhões de hectares), mostrando aumento de 3,3% em 2018; o Paraná ocupa a segunda posição em termos de florestas plantadas: 1,5 milhão de hectares, dos quais 53,4% se destinam ao desenvolvimento de pinus.
“A gente observa que em Mato Grosso do Sul o setor de silvicultura tem se desenvolvido muito nos últimos anos e, entre os dez municípios com maior área de florestas plantadas do país, cinco estão localizadas no Mato Grosso do Sul” disse o pesquisador.
Ele afirmou, também, que esse estudo de 2018, o estado já aparece na terceira colocação do ranking de maior área de floresta plantada, com 1,133 milhão de hectares.
Destaques
Os principais produtos da extração vegetal são madeira em tora, com maior valor de produção do grupo (R$ 2.785,4 milhões) e redução de 4,9% na produção, total de 11,6 milhões de metros cúbicos no ano pesquisado. O analista do IBGE salientou que, pela primeira vez, Mato Grosso do Sul respondeu pelo maior volume de madeira em tora do país, sendo que esse produto tem o maior peso no valor de produção florestal dentre os produtos da pesquisa.
O carvão vegetal extrativo também teve destaque, porque apresentou a maior retração entre os produtos da extração vegetal (-21,6% no volume de produção), com 338,3 mil toneladas no ano. Wagner justificou a queda como resultado da substituição desses produtos por produtos da silvicultura.
Em contrapartida, observa-se que os produtos extrativos não madeireiros registraram crescimento de 1,8% no valor de produção, atingindo R$ 1,6 bilhão. Já o grupo de produtos alimentícios, considerado o maior entre os produtos não madeireiros, novamente apresentou valor de produção crescente (4,1%), somando R$ 1,3 bilhão, em 2018.
No grupo de produtos alimentícios não madeireiros da extração, o açaí tem o maior valor de produção e registrou volume de 222 mil toneladas produzidas, 0,9% acima do obtido em 2017. Isso representou expansão de 2,5% no valor de produção (R$ 592 milhões.
O açaí participa com 46,3% no valor de produção dos produtos alimentícios. O pesquisador chamou a atenção para a participação do açaí extrativo dentro do total da produção nacional de açaí, equivalente a 12,8%.
Produção de açaí aumenta 4,1%
O Pará foi o maior produtor nacional de açaí, respondendo por 147,7 mil toneladas, volume 4,1% maior que o registrado em 2017. Na lista dos dez municípios que apresentaram os maiores volumes de produção em 2018, oito são do Pará, liderados por Limoeiro do Ajuru, que respondeu por 18,5% do total nacional de açaí extrativo, com produção de 41 mil toneladas.
O segundo maior valor de produção entre os produtos não madeireiros, com R$ 468,4 milhões, revelando queda de 0,8% em relação ao ano anterior, foi a erva-mate, concentrada na Região Sul do país. A produção somou 393 mil toneladas, aumento de 2,4% sobre 2017.
A castanha do Pará teve produção no ano passado de 34.170 toneladas, expansão de 46,3%. A safra de castanha do Pará voltou a crescer, depois de dois anos seguidos de redução. “E, com a volta da demanda, os preços ficaram mais atrativos para o consumidor”.
A pesquisa do IBGE mostra ainda que a variação anual do valor de produção dos principais produtos não madeireiros do extrativismo foi declinante para pequi (fruto), com -13%; carnaúba em pó (-3,9%); babaçu (amêndoa), com -3,8%, e erva-mate (-0,8%). Em contrapartida, tiveram o valor de produção ampliado a castanha do Pará (+35,4%); pinhão (semente,+7,6%) e açaí (+2,5%).
Fonte: Agência Brasil