Trump quer militarizar fronteira com América Latina

O presidente americano, Donald Trump, declarou ontem (03/04) que quer militarizar a fronteira com o México. Trump passou os últimos três dias atacando o México por permitir que mais de 1.000 centro-americanos, a maior parte de Honduras, tenham iniciado uma marcha até a fronteira com os Estados Unidos, onde muitos esperam solicitar refúgio.

“Até que possamos ter um muro e uma segurança adequada, vamos proteger a nossa fronteira com o Exército. É um grande passo”, disse a jornalistas.

A iniciativa, que, segundo afirmou, conversará “em breve” com o secretário de Defesa, James Mattis, é a última na cruzada anti-imigração de Trump, cuja proposta de construir um muro na fronteira sul do país não recebeu os fundos orçamentários pedidos.

Trump já sugeriu que os militares ajudem no financiamento e na construção do muro, mas esta é a primeira vez que propõe que tropas americanas patrulhem a linha de 3.200 quilômetros que divide os países.

Consultado pela AFP, o Pentágono negou estar a par de uma mobilização militar na fronteira sul do país, mas assinalou que já houve operações assim antes.

Os antecessores de Trump – Barack Obama em 2010 e George W. Bush entre 2006 e 2008 – enviaram a Guarda Nacional, um corpo de reserva do Exército, para patrulha e controle fronteiriço.

Uma lei americana do século XIX proíbe o envio de soldados em seu próprio território com fins civis, mas a Guarda Nacional requer somente o consentimento do estado onde será mobilizada para ajuda e apoio na fronteira.

O governo do México disse nesta terça-feira que espera mais clareza da Casa Branca sobre o anúncio de Trump de militarizar a fronteira entre ambos os países.

“O México solicitou aos EUA, pelos canais oficiais, que esclareça o anúncio sobre o uso do exército na fronteira”, escreveu o chanceler mexicano Luis Videgaray, no Twitter. Videgaray acrescentou que “o governo do México definirá postura em função desse esclarecimento, sempre em defesa de nossa soberania e interesse nacional”.

 

A caravana é realizada anualmente há uma década para dar visibilidade ao calvário sofrido pelos migrantes em sua passagem pelo México. Organizada pela ONG “Pueblos Sin Fronteras”, a “Via-crúcis Migratória 2018” partiu em 25 de março do estado mexicano de Chiapas, fronteiriço com a Guatemala.

Cerca de 80% de seus integrantes são hondurenhos, e os outros são guatemaltecos, salvadorenhos e nicaraguenses que fogem da violência a pobreza de seus países.

Mais cedo nesta terça-feira, Trump tuitou que a ajuda dos Estados Unidos a Honduras está “em jogo” se a caravana não parar sua marcha.

“É melhor que a grande caravana de pessoas de Honduras, que agora cruza o México e se dirige para nossa fronteira de ‘Leis Fracas’, seja detida antes de chegar aqui. A galinha dos ovos de ouro do Nafta (Tratado de Livre-Comércio da América do Norte) está em jogo, assim como a ajuda estrangeira a Honduras e aos países que permitiram isso acontecer. O Congresso DEVE AGIR AGORA!” – disse.

Em sua série de tuítes anti-imigração de domingo e segunda, Trump já havia ameaçado abandonar o Nafta e exigiu ao Congresso americano leis migratórias mais estritas. No orçamento finalmente aprovado em março, Trump conseguiu somente 1,6 bilhão de dólares para o projeto do muro, muito menos que os 25 bilhões solicitados.

Este financiamento inicial conseguiria pagar apenas 160 quilômetros do muro, e Trump propôs na semana passada usar o orçamento do Pentágono para construir o restante.

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