Quase 70% de vagas do ‘Mais Médicos’ não foram preenchidas em distritos indígenas do AM
Seis dos sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) do Amazonas têm déficit de quase 70% de profissionais, após saída de cubanos do Programa Mais Médicos. O único Distrito com todas as vagas preenchidas fica na capital. Segundo o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do estado (Cosems-AM), um deles não teve nenhuma adesão de profissionais. As inscrições continuam até 7 de dezembro.
O governo de Cuba anunciou, no dia 14 de novembro, que decidiu sair do Mais Médicos, citando “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil.
No dia 20 de novembro deste ano, o Ministério da Saúde abriu o edital para mais de 8,5 mil vagas em todo país para suprir desfalque. No Amazonas, foram 322 oportunidades abertas e, até então, 109 ainda não foram preenchidas.
Nos Distritos Indígenas do estado, de 92 vagas abertas, 28 tiveram adesão de médicos. O número corresponde a apenas 30,4% das vagas, enquanto o restante segue sem grande procura de profissionais.
No Dsei do Médio Rio Purus, por exemplo, não houve adesão de nenhum médico. A baixa adesão se repete também no Dsei do Alto Rio Negro, onde foram ofertadas 18 vagas e apenas cinco se inscreveram. No Alto Rio Solimões foram 27 vagas e só quatro adesões.
Para o presidente do Cosems-AM, Januário Carneiro da Cunha Neto, a baixa adesão é motivada principalmente pela distância, dificuldade de acesso aos locais e, ainda, pela falta de estrutura de atendimento.
“A nossa grade curricular, ela não está preparando os médicos para atender regionalmente, ou seja, o médico está indo para um lugar onde não tem cobertura diagnóstico, o médico está indo para um lugar onde não tem facilidade de exames laboratoriais e de imagem (…) então assim, a nossa academia também não está formando profissionais preparados pra ir pra esse embate e isso é uma das grandes dificuldades também”, afirmou
Em alguns municípios do estado também foi possível detectar uma baixa adesão dos médicos, como em Juruá, no Sudoeste do estado, com três vagas disponíveis e nenhuma adesão. Em Eirunepé, também na mesma região, foram apenas dois inscritos para oito vagas. Na cidade de Jutaí, a mais de 1 mil km da capital, nenhuma vaga foi preenchida.
Fonte: G1 Amazonas