‘Óculos de camelôs’: o barato que pode sair muito caro
Dores de cabeça, imagens embaçadas, cansaço visual, tonturas e sonolência. Estes são apenas alguns dos sintomas que as pessoas que usam óculos sem receitas e comprados em camelôs, feiras e farmácias convivem diariamente.
Facilmente encontrados, estes produtos que chegam a custar até R$ 20 nas ruas de Manaus, funcionam apenas como lupas que auxiliam na visão de perto, uma vez que são confeccionados com lentes esféricas positivas e são totalmente ineficazes para pacientes míopes (que necessitam de lentes esféricas negativas) e astigmatas (que usam lentes cilíndricas).
De acordo com o médico oftalmologista do Hospital Nilton Lins (HNL), Thiago Monteiro, apesar de não contribuírem para o desenvolvimento de doenças estruturais nos olhos, como catarata e glaucoma, os óculos sem receitas provocam sérios distúrbios visuais e afetam diretamente na qualidade de vida de seus usuários.
“Esses óculos são feitos com o mesmo grau em ambas as lentes, mas cada caso é um caso, e nem sempre o paciente tem o mesmo grau nos dois olhos. São produtos padronizados que além de não fazerem a correção correta do problema, tem a qualidade da lente ruim”, explicou.
O especialista também acrescenta que o número de pacientes que buscam a assistência oftalmológica no HNL com sintomas provocados pelo uso frequente destes óculos tem aumentado nos últimos anos, apesar de muitos omitirem a informação na consulta.
“O perfil de usuários desses óculos são de adultos, em média a partir de 40 anos, que começam a ter sintomas de presbiopia (dificuldade para ler de perto) e que que não tem condições de comprar óculos com receita. Mas a cada ano, há uma piora na visão fisiológica e o uso contínuo e errado afeta a graduação que seria adequada para tratar o problema no futuro”.
Raios ultravioletas
Para crianças, Monteiro alerta que os óculos sem receita não funcionam e podem piorar o erro refracional do paciente, além de provocar sintomas como dores de cabeça e o desenvolvimento do estrabismo.
Os óculos de sol adquiridos nas ruas, também muito consumidos pela população, também representam um risco para a saúde. De acordo com o especialista, eles criam uma falsa sensação de segurança, mas na verdade são nocivos, uma vez que não tem proteção contra os raios UVA/UVB e podem causar danos na córnea, cristalino e retina.
“Os óculos solares adequados são os polarizados com proteção contra os raios ultravioletas. Inclusive, se o paciente tiver algum tipo de grau, é possível confeccionar com a mesma receita do óculos normal o óculos solar”, acrescentou.
Os atendimentos oftalmológicos no Hospital Nilton Lins acontecem diariamente. Os agendamentos das consultas podem ser feitos pelo número de WhatsApp (92) 3643-2133 para pacientes particulares e também para portadores dos planos Fusex e You Saúde.