Munição que matou Marielle foi comprada pela Polícia Federal
A munição utilizada pelos criminosos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) com tiros de uma pistola calibre 9mm na quarta-feira (14) é de um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília em 2006.
A Polícia Civil já descobriu que a munição é original — quer dizer, não foi recarregada. Isso porque a espoleta, que provoca o disparo da bala, é original. As informações foram obtidas com exclusividade pelo RJTV 1ª edição nesta sexta-feira (16).
Segundo a investigação, o lote de munição UZZ-18 foi comprado no dia 29 de dezembro de 2006, com duas notas fiscais da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). O lote tinha 1,859 milhão de cápsulas. Superintendências de SP, RJ e DF receberam mais de 200 mil balas cada uma.
A munição desse mesmo lote foi usada na maior chacina de São Paulo, em 2015, quando 17 pessoas morreram, e nos assassinatos de cinco pessoas em guerras de facções de traficantes em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Na época da chacina paulista, foram apreendidas cápsulas de outros quatro lotes, que pertenciam, além da PF, à PM paulista e ao Exército.
Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento. A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local do crime.
O carro modelo Cobalt, com placa de Nova Iguaçu, que foi usado pelos assassinos para matar a vereadora Marielle, era clonado. Segundo a polícia, o veículo original foi localizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas os agentes continuam fazendo buscas para encontrar o carro clonado.
Pouco antes de morrer, a vereadora mediou o debate “Jovens Negras Movendo Estruturas”, organizado pelo partido dela na Casa das Pretas, no Centro do Rio, que durou cerca de 2h. Segundo os investigadores, um carro com placa de Nova Iguaçu já estava parado na porta da Casa das Pretas, na Lapa, quando a vereadora chegou e estacionou. Neste momento, um homem saiu do carro e falou ao celular.
Cerca de duas horas depois, Marielle foi embora no carro com uma assessora e o motorista. O veículo que estava estacionado no local também saiu, piscou o farol e seguiu o carro de Marielle. De acordo com a investigação, no meio do caminho, um segundo veículo entrou na perseguição. As imagens não foram divulgadas pela polícia.
Em uma nova perícia feita no fim da tarde desta quinta (15), ficou constatado que 13 disparos atingiram o veículo em que Marielle estava: nove na lataria e quatro no vidro.