Manaus fecha programação da 2ª edição do nexBio Amazônia com foco em tecnologia e bioeconomia
Pela primeira vez cidade-sede do nexBio Amazônia (Programa Suíço-Brasileiro de Inovação Aberta para a Bioeconomia), Manaus vai fechar a última semana de programação da 2ª edição do evento no Brasil, com atividades que se estendem até o dia 1º de agosto em diversas instituições locais. E nesta terça-feira (29/07), a Universidade Nilton Lins foi palco de mais uma ação do nexBio na capital amazonense com a masterclass do diretor executivo do Instituto Amazônia 4.0, Dr. Ismael Nobre, sobre “Tecnologia e bioeconomia para a Amazônia do futuro”.
O encontro no auditório Vânia Pimentel, do Bloco Unicenter, reuniu especialistas, pesquisadores, acadêmicos e interessados em soluções sustentáveis para o desenvolvimento da região amazônica. Segundo o palestrante, o nexBio exerce papel estratégico para o desenvolvimento de uma bioeconomia qualificada ao conectar universidades, centros de pesquisa e startups nacionais e internacionais.
“A bioeconomia, em nosso olhar, é a melhor solução que podemos ter para enfrentar os problemas das mudanças climáticas, do avanço do aquecimento, das consequências que são globais e das consequências para a floresta e para os povos [originários]. O que nos leva a perda de floresta, que não tem parado, são vetores econômicos. E a bioeconomia é justamente um vetor econômico também, só que atuando em sentido contrário. Então, é aquela coisa, para o mesmo tipo de força que você tem na direção da destruição da floresta, temos uma outra em sentido contrário, que é a bioeconomia”, disse Ismael Nobre.
Antes da masterclass, a Universidade Nilton Lins realizou uma mesa de abertura no auditório Giovanna Figliuolo com representantes de órgãos de pesquisa do Estado e do governo federal para debater os avanços da bioeconomia na Amazônia. Na ocasião, estavam presentes a vice-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da Nilton Lins, Cleuciliz Santana, a diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales Silva; o pesquisador Luis André Morais Mariúba, do ILMD/Fiocruz Amazônia; a pesquisadora do Inpa, Deuzanira dos Santos; o chefe geral da Embrapa Amazônia, Everton Rabelo, e o pesquisador Pedro Capra, coordenador geral do nexBio Amazônia.
O nexBio organizado pela Swissnex no Brasil – rede internacional suíça voltada para educação, pesquisa e inovação -, estreou em solo amazonense após a primeira edição, em 2024, ocorrer exclusivamente no estado do Pará. A Nilton Lins é uma das instituições de Manaus incluídas na programação do evento, que na Região Norte tem duração de duas semanas após iniciar no dia 21 de julho na cidade paraense de Belém.
Segundo Cleuciliz Santana, a colaboração entre a Nilton Lins e a organização do nexBio teve início no evento Impact Hub no final do ano passado. “Estamos muito contentes com essa parceria. Acreditamos que essa interação com pesquisadores e com os demais parceiros do ecossistema de inovação do Amazonas vai trazer frutos bem importantes. Isso tanto para a Universidade Nilton Lins quanto para a Amazônia, como também para essa interação maior com os nossos pesquisadores e startups da Suíça que estão aqui [em Manaus]”, afirmou a vice-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da Nilton Lins.
Embora a continuidade anual do evento em Manaus dependa da Swissnex no Brasil, a Universidade Nilton Lins está à disposição para futuras edições. O nexBio Amazônia, inclusive, marca o início de uma série de discussões sobre bioeconomia e desenvolvimento sustentável na instituição neste ano.
Outras ações previstas na Nilton Lins incluem um evento com a Fapeam, em outubro, sobre mudanças climáticas e a 2ª edição do Simpósio Amazônia 2030, em novembro. Este último será um evento científico com pesquisadores globais debatendo ações climáticas e a preservação da Amazônia, em parceria com a Universidade de Hamburgo, da Alemanha, e a PUC do Paraná.
Decisão estratégica
De acordo com o gerente do Programa de Relações Acadêmicas da Swissnex no Brasil e coordenador geral do nexBio Amazônia, Pedro Capra, a decisão de incluir Manaus na programação do evento foi estratégica. Ele destacou que a primeira edição no Pará foi um sucesso e gerou novos negócios e uma rede de colaboração robusta. Atualmente, o programa tem um financiamento garantido para mais três edições.
“Decidimos arriscar um pouco mais, em 2025, e fazer em dois estados diferentes (Pará e Amazonas), mas apenas em duas cidades (Belém e Manaus). O nexBio Amazônia se propõe a trazer startups e pesquisadores da Suíça e juntá-los com startups e pesquisadores aqui do Brasil em busca de colaboração para desenvolver trabalhos e parcerias dentro da área da bioeconomia”, reforçou.
E apesar dos resultados quantitativos da edição deste ano do nexBio ainda estejam em avaliação, segundo Capra, os participantes e parceiros do evento demonstraram grande satisfação.
“Com relação à segunda edição, eu não posso afirmar ainda o que vai nascer daqui, mas pelas conversas, pelo formato que a gente tem feito até agora, os participantes estão muito contentes. Todos os parceiros com quem a gente colabora têm se mostrado muito satisfeitos com os resultados até aqui. Temos ideias do que gostaríamos que acontecesse, mas o mais importante num programa como esse não é o impacto planejado desse programa, mas sim os resultados inesperados que vai nos trazer”, explicou.
Ampliação do ecossistema
Para a diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Márcia Perales Silva, um evento do porte do nexBio Amazônia sobre bioeconomia é visto como uma iniciativa positiva para fortalecer e ampliar o ecossistema de inovação.
“Essa interlocução com outro país [a Suíça], acaba fazendo com que a gente tenha a oportunidade de mostrar o que é feito aqui na Amazônia. De apresentar quais são os impasses que vivemos, quais são as perspectivas e o que nós trabalhamos em prol dessas perspectivas para fortalecer o nosso ecossistema que envolve ciência, tecnologia e inovação. Nesse contexto, o papel da bioeconomia tem sido um dos focos centrais de discussão em função do espaço onde nós estamos, na Amazônia, com suas potencialidades e seus desafios”, afirmou a diretora-presidente da Fapeam.
Ainda conforme Márcia Silva, mesmo já existindo uma discussão acumulada sobre bioeconomia na região, a dimensão atual é considerada incipiente frente ao vasto potencial da Amazônia.