Lula: os médicos devem ir aonde o povo está
Para ilustrar a importância do Mais Médicos para os brasileiros que vivem distante das capitais ou nas periferias das grandes cidades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou da experiência pessoal de não ter se consultado com médico até os dez anos e de precisar recorrer a soluções caseiras para resolver questões como dor de dente e outros problemas de saúde.
Essa é a grandeza do Mais Médicos. É ir até onde está o paciente e não ficar esperando que o paciente venha aonde está o médico. É uma inversão saudável, que faz com que as pessoas comecem a se preocupar em ter visão social no cuidado do pobre”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Na sanção da lei que instituiu a Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde no âmbito do Mais Médicos, Lula declarou que o programa, criado em 2013 e retomado agora, leva cidadania aos chamados rincões do país e o direito de todos os cidadãos serem atendidos de forma decente por profissionais de saúde.
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“Em Garanhuns, até os sete anos, eu não só não tinha comido pão, como até os dez anos, até chegar em Santos, eu não sabia o que era médico. A minha geração, a gente, muitas vezes, cuidava de um dente com dente de alho, com pano encharcado de álcool, jogava cachaça dentro do buraco do dente para ver se parava de doer. A gente cuidava do dente e de uma doença qualquer com benzedeira”, lembrou, contando também que, assim como os demais 11 irmãos, nasceu pelas mãos de uma parteira.
PERTO DO POVO – Na cerimônia, na qual assinou também decreto que cria um grupo de trabalho interministerial para discutir regras para reservas de vagas a médicos com deficiência e pertencentes a grupos étnico-raciais, o presidente voltou a dizer que recursos destinados à Saúde devem ser vistos como investimentos e não gastos e afirmou também que é o médico que deve ir aonde o povo está, e não o contrário.
“Essa é a grandeza do Mais Médicos. É a grandeza dos agentes de saúde. É ir até onde está o paciente e não ficar esperando que o paciente venha aonde está o médico. É uma inversão saudável, que faz com que as pessoas comecem a se preocupar em ter visão social no cuidado do pobre”, afirmou.https://www.youtube.com/embed/3PF8TTCdGgc
MODELO – Lula disse também que o Mais Médicos voltou para ficar e se transformar num modelo de atendimento em saúde pública, com dignidade e respeito aos mais humildes.
“Hoje é um dia sagrado para mim. A volta do Mais Médicos de forma apoteótica é uma coisa extraordinária para esse país. Tenho dito para a Nísia (Trindade, ministra da Saúde) que precisamos mostrar ao mundo que o SUS não é apenas grande, o SUS é o melhor sistema de saúde pública que um país com mais de 100 milhões de habitantes pode ter”, disse.
Segundo o presidente, o modelo SUS impressiona países ricos, mas precisa ser aperfeiçoado e valorizar os profissionais. “Do porteiro ao médico da clínica. Todos têm que ser valorizados e respeitados para que a saúde possa cumprir sua função”.
A ministra da Saúde destacou a importância do Mais Médicos para, em conjunto com outras políticas, atuar na redução das desigualdades e no atendimento dos que mais precisam. “O Mais Médicos é um programa para o Brasil, assim como o Ministério da Saúde é voltado para o Brasil nas suas mais profundas necessidades de desenvolvimento e justiça”.
Nísia Trindade contou que o primeiro edital do Mais Médicos neste ano atraiu 34 mil interessados para um total de 5.900 vagas de um conjunto de 15 mil que serão abertas neste ano. Dos profissionais do primeiro edital, 3.600 já estão em atividade em diferentes cantos do país.
Para Nísia Trindade, Mais Médicos atua na redução de desigualdades. Foto: Ricardo Stuckert / PR |
ATENÇÃO PRIMÁRIA – A ministra destacou a importância do Mais Médicos para a atenção primária, o que evita o agravamento de problemas de saúde, e disse que o Ministério da Saúde trabalha para solucionar as desigualdades e contribuir para que o país cresça de forma sustentável e com mais justiça.
O Mais Médicos é um programa para o Brasil, assim como o Ministério da Saúde é voltado para o Brasil nas suas mais profundas necessidades de desenvolvimento e justiça”
Nísia Trindade, ministra da Saúde
Camilo Santana, ministro da Educação, também destacou a importância da atenção primária que, segundo ele, faz com que 80% das questões de saúde sejam resolvidas na ponta.
“Esse momento para mim é histórico. Talvez só saiba a dor da falta de um médico quem está lá na ponta precisando de um médico para atender um filho, uma mãe, um pai idoso. O que o senhor está fazendo é dar dignidade a quem precisa”, disse Santana, que foi governador do Ceará, cujo atendimento da saúde, segundo ele, é 82% feito pelo SUS.
INCLUSÃO – A médica Fabíola Dantas de Souza falou em nome dos profissionais do Mais Médicos e emocionou a todos com sua história de vida, transformada pelas políticas públicas. Ela fez duas graduações – em Saúde e Medicina – na Universidade Federal do Recôncavo, na Bahia.
Na unidade, erguida no projeto de interiorização do ensino superior, ela se manteve por políticas afirmativas. Ingressou por cotas e permaneceu por causa da Assistência Estudantil. Ela, inclusive, morou na universidade, por falta de recursos para pagar aluguel. “Muito obrigada, presidente, por não desistir de dar oportunidades a tantos jovens como eu. Eu sou uma, mas não sou só. É coisa de preto exercer a medicina”.
Com a reformulação do Mais Médicos, há prioridade para profissionais formados no Brasil e atenção à formação profissional, com especialização e mestrado, além de estímulo para fixação em locais mais distantes.
Com a contratação de 15 mil médicos, o programa chegará ao fim de 2023 com 28 mil profissionais em todo o país, resgatando o direito à Saúde para mais de 96 milhões de brasileiros.