Hidroginástica no CECF Padre Pedro Vignola: energia que vem da água
Atividade é porta aberta para benefícios físicos e saúde emocional de idosos
São 8h da manhã de uma quarta-feira e, na piscina do Centro Estadual de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, na Cidade Nova, 33 mulheres, com idades entre 50 a 80 anos, esforçam-se para acompanhar os exercícios demonstrados pelo instrutor Alexandre Magno. A aula faz parte de uma das ações da política de assistência social desenvolvida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), em articulação com a Secretaria de da Juventude e Lazer (Sejel). O objetivo é ofertar serviços que vão do esporte ao fortalecimento de vínculos para pessoas em situação de vulnerabilidade social, nos Centros Estaduais de Convivência da Família (CECFs) e do Idoso.
E uma dessas pessoas é Maria do Rosário de Souza Mendonça, 69. Quem a vê tão bem-humorada não imagina o desafio de viver com tantos problemas na coluna cervical: hérnia de disco, bico de papagaio e escoliose. “É tanto problema que cheguei a perguntar para o ortopedista se havia possibilidade de fazer um transplante de coluna, mas ele me indicou a hidroginástica”, brinca.
Fazendo hidroginástica há dez anos, Maria do Rosário comemora os benefícios da atividade: não sente mais dores na coluna. Outro ganho é percebido nas emoções. “Eu tenho um problema muito sério de ansiedade, mas quando eu chego aqui, passa tudo”, comemora.
Atividade aeróbica realizada em piscinas, a hidroginástica é indicada para os idosos porque a água favorece a realização dos movimentos. Mas não somente os idosos se beneficiam. Aos 48 anos, Raimunda Nonata Cunha dos Santos, hoje com 50, tinha uma rotina comum a muitas mulheres: trabalhava muito, era sedentária e não dava muita importância para a alimentação. O diagnóstico de hérnia de disco a forçou a uma mudança na rota da vida e passou a priorizar a atividade física.
Hoje, Raimunda Nonata comemora a decisão. Os exercícios na piscina aliviam as dores e ainda melhoram sua autoestima. Mais preocupada com a alimentação do que há dois anos, ela acha que devia ter mudado de vida antes do diagnóstico. “Olhando para trás eu vejo que eu devia ter tomado essa decisão antes. Eu sempre priorizei o trabalho que, é claro, é importante, porque sem trabalho não temos dinheiro. Mas eu vi que precisava tirar um tempo pra mim, para ter mais saúde”.
Disciplina – Se quem é mais jovem precisa ter força de vontade para seguir uma rotina saudável, isso pode ser um desafio maior quando se tem 80 anos. Mas disciplina é o que Francisca Santos Oliveira, que completou 80 anos no dia 1º de julho, tem de sobra. Há dois meses praticando exercícios na água, a moradora do bairro São José 2 acorda pontualmente às 5h30, toma café e se prepara para estar às 8h na Cidade Nova. “Eu ando sozinha de ônibus”, faz questão de ressaltar.
Com problemas de osteoporose, ela conta que os exercícios têm diminuído muito as dores que sente no pé direito: “A cada dia me sinto melhor e, mesmo com dores no pé, eu percebo que já melhorei muito”.
Vida ativa – Alexandre Magno, estagiário em Educação Física pela Sejel no CECF Padre Pedro Vignola, explica que a hidroginástica é ótima para trabalhar o condicionamento físico. Pessoas com problemas no coração, hipertensão arterial e outras deficiências originadas do sedentarismo ou pelo processo de envelhecimento sentem uma melhora significativa em sua saúde logo nas primeiras semanas.
“Temos casos de pessoas que chegam aqui com uma dificuldade específica, como artrose, problemas no coração, derrame, e quando começam a fazer a hidroginástica já sentem o retorno em forma de mais disposição para fazer outras atividades físicas”, esclarece.
A hidroginástica funciona como uma porta de entrada para outras atividades esportivas, como ele acentua: “Aqui eu tenho casos de pessoas que têm 70, 80 anos, com a vida ativa de um jovem de 20 anos. Praticam esporte de segunda a sexta-feira regularmente”.
Resgate – A titular da Seas, Márcia Sahdo, comenta os aspectos positivos que essa atividade física proporciona: “A hidroginástica possibilita, para além da saúde física e mental, o fortalecimento da convivência social entre os beneficiários da assistência social. Por isso agradecemos à Sejel pela parceria”.
A diretora do CECF Padre Pedro Vignola, Elisabete Maciel, destaca o resgate em aspectos emocionais e psicológicos para envelhescentes e idosos. Segundo ela, cria-se um ciclo quando a pessoa percebe que está envelhecendo: ao constatar que tem sua mobilidade reduzida, problema causado muitas vezes porque essa pessoa fica em casa sem fazer exercícios, o idoso ou envelhescente entra num processo de angústia que pode resultar em depressão.
“Quando começam a fazer atividade física, as mudanças são percebidas no olhar, que fica mais vivo. Tudo melhora porque ela passa a ter um grupo, e esse benefício é levado para a família. O convívio social melhora. É um verdadeiro resgate”.
Saúde física e emocional – Toda atividade física é importante em qualquer faixa etária, esclarece a psicóloga Cynthia Lima Montenegro, do grupo Viver Mais, que realiza atividades do CECF Padre Pedro Vignola. Mas, no caso do idoso, a hidroginástica é um exercício que tem um impacto menor, porque a água facilita os movimentos. E, muito além dos benefícios corporais, há um ganho na saúde emocional.
“Com o passar do tempo, os idosos vão se relacionando com outras pessoas, melhorando sua autoestima, percebendo os benefícios que o exercício proporciona. Mas essa vinculação com o outro, em que um dá força para o outro, dizendo: ‘Você está melhor, está mais bonita’, tudo isso ajuda nesse aspecto emocional”, explica Cynthia.
Em casos de depressão, a própria rotina de ir ao Centro apresenta uma série de etapas que juntas, resultam numa boa saúde emocional. Como aponta a psicóloga, a saída de casa, o trajeto percorrido pelo ônibus, o encontro com uma colega no coletivo, a chegada ao Centro e a interação com outras pessoas representam juntos, muitos ganhos para a saúde emocional.
“A gente vê que os idosos passam a se enxergar de outra forma, a ver a vida de outra forma. Alguns chegam aqui muito tristes, porque foram esquecidos pela família ou porque não têm mais essa relação muito direta seus parentes. Ao fazer hidroginástica, eles criam novos vínculos, e convívio é fundamental para o ser humano”.
Mais informações: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas)