Canadá vê tarifas dos EUA como “inaceitáveis” e anuncia retaliações
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou ontem que a decisão dos Estados Unidos de anuncia tarifas à importação de aço e alumínio é “totalmente inaceitável” e anunciou que lançará retaliações contra produtos do vizinho. “Imporemos tarifas sobre 6,6 bilhões de dólares canadenses em produtos dos EUA”, anunciou a ministra das Relações Exteriores canadense, Chrystia Freeland, acrescentando que os principais alvos serão o aço e o alumínio produzidos nos EUA, com tarifas de 25% e 10%, respectivamente.
Trudeau e Freeland estavam juntos na entrevista coletiva que anunciou a resposta do país ao anúncio de mais cedo dos EUA. O governo canadense afirmou que as tarifas americanas violam as regras do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês) e da Organização Mundial de Comércio (OMC) e que pretende contestar o comportamento do governo do presidente Donald Trump na OMC. “Temos de esperar que em algum momento o bom senso prevaleça”, afirmou o premiê, acrescentando que não vê sinal disso acontecendo, neste momento. Trudeau acrescentou ainda que as tarifas são uma “afronta à parceria de segurança” bilateral.
A ministra acrescentou que as retaliações canadenses estarão em vigor a partir de 1º de julho e prosseguirão até que os EUA recuem. O governo canadense enfatizou que atuará para proteger os trabalhadores de seu próprio país.
Freeland disse ainda que a resposta canadense era “forte”, mas “proporcional”, em resposta a uma “decisão muito ruim dos EUA”. Segundo a ministra, a retaliação é a maior já tomada pelo Canadá desde o fim da Segunda Guerra.
“Somos um país que acredita no livre-comércio”, afirmou Trudeau. “As tarifas prejudicam os consumidores locais”, comentou, acrescentando que isso prejudica inclusive consumidores nos EUA. “Nós precisamos responder com firmeza a essas ameaças”, disse o premiê.
A ministra ressaltou que o governo canadense buscou, ao elaborar sua lista de retaliações, produtos americanos que pudessem ser substituídos, seja pela oferta local ou por importações de outros países. Ela comentou ainda que a lista será “refinada” nos próximos dias, antes de entrar em vigor. Ao mesmo tempo, o governo canadense deixou a porta aberta para eventuais negociações que evitem as tarifas dos dois lados. (Equipe AE, com Dow Jones Newswires)