Novo ministro do Trabalho diz que se necessário fará uma limpa na pasta
Ao tomar posse nesta terça-feira, o novo ministro do trabalho, Caio Vieira de Mello, afirmou que poderá fazer mudanças no ministério, afetado por denúncias de corrupção e cujo ex-ministro Helton Yomura foi proibido pela Justiça de entrar no prédio.
Ao ser perguntado insistentemente, depois de sua cerimônia de posse, se faria uma limpa no ministério, Vieira de Mello indicou que poderá ter que tomar medidas para sanear a pasta, ainda hoje dominada por indicações políticas. “Se necessário, poderá ser feito. Vou examinar bem e medidas serão tomadas. O ministério tem que ser técnico, tem que funcionar tecnicamente”, disse.
Vieira de Mello é desembargador aposentado, foi vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região entre 2008 e 2009. A escolha, de acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, foi pessoal do presidente Michel Temer e não teve interferências políticas.
Vieira de Mello foi indicado na tarde de segunda-feira para substituir Yomura. Na semana passada, o então ministro –ex-secretaria-executivo da pasta, indicado pelo PTB– foi impedido pela Justiça de voltar a entrar no ministério.
Dominado há vários anos pelo PTB, o ministério é o centro das três fases da operação Registro Espúrio que, em sua segunda fase chegou a fazer buscas em endereços ligados à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), que chegou a ser indicada por Temer para comandar a pasta, mas não assumiu após um imbróglio judicial. Na primeira fase, foram alvos os deputados petebistas Jovair Arantes (GO) e Wilson Filho (PB) e Paulinho da Força (SP), do Solidariedade.
Na quinta-feira, diante de um ministério acéfalo –o secretário-executivo, Leonardo Arantes, havia sido preso há um mês, na segunda etapa da operação– Temer nomeou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, como interino, acumulando os dois cargos. Padilha concordou, mas avisou o presidente que não queria ficar na posição por muito tempo.
Vieira de Mello disse que fará um “exame apurado” de todas as situações nos próximos dias. Perguntado se seis meses de governo não é pouco tempo, disse que isso não era um problema para ele e que acredita que poderá colaborar.
O novo ministro disse ainda que há uma “tensão muito grande entre capital e trabalho”, mas que não vê necessidade de mudança na reforma trabalhista. “É muito precário emitir opinião sem uma aplicação efetiva da reforma”, disse, acrescentando, no entanto que se mudanças forem consideradas necessárias no futuro, podem vir a ser feitas.