Lava Jato prende 20 pessoas no Rio de Janeiro, incluindo ex-diretores da Philips
Entre os 20 presos na Operação Ressonância estão ex-diretores da Philips no Brasil. Daurio Speranzini, que exerceu o cargo de CEO da multinacional e estava em posição semelhante na GE, e Frederik Knudsen, supervisor de vendas da Philips, são suspeitos de integrar esquema de corrupção na Saúde do RJ chamado de “clube do pregão internacional”. A Philips diz estar colaborando com as autoridades.
De acordo com a investigação, os executivos das empresas que faziam parte do “clube” pagavam até 40% do valor dos produtos ao empresário Miguel Iskin em forma de comissão. Iskin, preso esta manhã, já havia sido alvo da Operação Fatura Exposta, em março de 2017, com o sócio Gustavo Estellita e o secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. Todos haviam sido soltos pelo ministro Gilmar Mendes.
“A partir da análise de procedimentos licitatórios, foram feitas auditorias detalhadas, e encontramos robustas provas dos crimes”, continua Marisa.
Delatores dão conta de que havia um “clube do pregão internacional” e que as fraudes prosperaram entre 1996 e 2007. De acordo com a procuradora, a média de comissões pagas ao empresário Miguel Iskin eram de 40%. “O que daí pode se estimar o dano ao Erário, que também foi objeto de pedido de sequestro pelo MPF”.
O Ministério Público Federal diz que o cartel “congregava fabricantes multinacionais de equipamentos médicos que ajustavam as vitórias nos procedimentos licitatórios em troca de pagamento de comissões exorbitantes a Miguel Iskin no exterior, por intermédio de offshores”.
São investigadas 37 empresas e os crimes de formação de cartel, corrupção, fraude em licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, havia interesse de multinacionais em manter a direção do Into, em volta do qual criou-se o cartel para direcionar os vencedores e os valores a serem pagos nos contratos de fornecimento do Instituto.
Sérgio Côrtes foi um dos intimados a depor na ação desta quarta, mas não foi encontrado em casa pelos agentes. Os advogados informaram que ele acompanhava a filha numa operação.
Documentos fornecidos pela defesa mostram que o ex-secretário chegou ao estacionamento de um hospital de Copacabana às 6h em ponto. No prontuário médico, a filha passaria por uma mamoplastia, cirurgia plástica nos seios.
Côrtes foi solto em fevereiro a mando de Gilmar Mendes. O ministro do STF determinara a substituição da prisão por medidas cautelares, que incluiriam o recolhimento domiciliar ni
“Ainda estamos avaliando se houve descumprimento das medidas cautelares (por parte de Sérgio Côrtes). Informações preliminares que temos é de que se ausentou devido a uma cirurgia (na família). Não sabemos se isso deveria ou poderia ser justificado antecipadamente. Seria prematuro dizer se rompeu ou não as medidas cautelares. Não sabemos se era uma medida de emergência ou eletiva”, diz o procurador da República Felipe Bogado.