Propina do operador do PSDB compraria 78 ‘triplex’

Duas informações chamam atenção na matéria publicada na Folha na última quarta-feira (02/05), sobre o total em propina que o esquema de Paulo Preto supostamente teria arrecadado apenas na gestão Kassab, na Prefeitura de São Paulo.

A primeira informação é que o valor arrecadado pelo operador do PSDB paulista coloca no chinelo o montante que teria sido destinado pela OAS ao “maestro” do “maior esquema de corrupção da história do Brasil”.

O levantamento feito pela Folha mostra que com R$ 173 milhões em propina, o esquema de Paulo Preto compraria cerca de 78 apartamentos iguais ao “triplex” que foi atribuído a Lula pela Lava Jato. O imóvel no Guarujá foi avaliado em R$ 2,2 milhões e levado a leilão. O GGN mostrou nesta reportagem aqui que um relatório da Polícia Federal, de 2016, levantou suspeita de “discrepâncias” nos valores da reforma.

A segunda informação que se destaca na reportagem é como a Folha tomou emprestada a fórmula usada pelo Ministério Público na Lava Jato para chegar ao valor de R$ 173 milhões. Segundo o jornal, essa estimativa em propinas é obtida a partir de delações premiadas, apenas.

No caso, um delator disse que o esquema na gestão Kassab envolvia propina de 5% sobre contratos de obras viárias.

Com esse dado, a Folha levantou o valor do contrato cheio e calculou os 5% em vantagens indevidas, chegando aos R$ 173 milhões. O MP, de acordo com a reportagem, estimou valor menor: R$ 150 milhões.

O mesmo expediente é adotado pela turma de Curitiba em denúncias contra Lula. No caso triplex, os procuradores liderados por Deltan Dallagnol chegaram a pedir a condenação por R$ 87 milhões em propinas ao PT, que teriam correspondências com os valores de 3 contratos da OAS com a Petrobras. No final, o MPF não conseguiu provas dessa imputação.

Depois de chegar à estimativa em propina, o MP pode multiplicar esse valor por 2 e definir que o resultado será a multa aplicada à empresa denunciada. Foi o que ocorreu com a Odebrecht. No caso de Paulo Preto, então, as empresas envolvidas no cartel poderiam ter de pagar R$ 350 milhões.

O promotor do caso, Silvio Marques, contudo, “não quis informar que critérios adotará para estabelecer o valor que pedirá na ação judicial.”

Paulo Preto está em prisão preventiva desde o dia 6 de abril, após ação da Polícia Federal em São Paulo. Ele foi denunciado em março por ter comandado outro esquema de desvio de recursos na Dersa, envolvendo verbas destinadas às famílias que foram desalojadas por conta das obras do Rodoanel.

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