Ativista Winnie Mandela morre aos 81 anos
A ativista Winnie Mandela morreu aos 81 anos ontem (02/04) , de acordo com informações do porta-voz oficial da família à BBC.
Winnie Madikizela-Mandela foi a segunda esposa de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul. O casal foi um símbolo da luta anti-racista e contra o apartheid em todo o mundo.
Em entrevista ao jornal frânces Le Journal du Dimanche, Winnie destacou a sua importância na vida do líder político. “Se eu não tivesse lutado, Mandela não teria existido, o mundo inteiro o teria esquecido e ele teria morrido na prisão como queriam as pessoas que o prenderam”, afirmou Winnie.
A ativista fazia parte de um bloco radical dentro do partido governista da África do Sul e foi forçada a trabalhar como soldada em Soweto durante o encarceramento de Mandela, que começou em 1964.
Devido à sua pouca popularidade diante do público, ela foi banida do lar que tinha com Mandela e deixada à margem pelo governo do apartheid.
Winnie Mandela voltou à cena política ao fazer parte do braço armado do Congresso Nacional Africano (CNA), o Umkhonto we Sizwe, nos anos 70. Ela acabou se tornando uma das mais importantes e respeitadas representantes do partido, com enorme apoio da população.
Porém, durante esse período, ela foi acusada de se envolver em delitos graves, como o assassinato de Stompie Seipei, de 14 anos. “Estávamos em guerra. Líamos sobre a Alemanha nazista, e equiparávamos nossa situação à Alemanha nazista. A luta é um trabalho ingrato. Não saí por aí dizendo: ‘Bom trabalho, bom trabalho'”, declara em entrevista ao HuffPost US.
Sobre o seu relacionamento com Mandela, Winnie afirma que o líder político era um “ser humano normal, não apenas um mito.” A ativista divergia de Mandela na luta contra o regime segregacionista.
“O que fiz deliberadamente foi manter vivo o nome de Mandela e de seus companheiros de prisão. Para alimentar a luta, tinha de me expor à violência e à brutalidade do apartheid. Eles, na prisão, nunca foram torturados como nós fomos”, compartilha em entrevista ao jornal frânces. “Ele era livre para acreditar na paz e nós, que sofríamos a violência do apartheid, não estávamos tão à vontade com esta noção. Não restou outra opção a não ser responder à violência com violência.”
O casal se separou em 1996. Eles estavam casados desde 1958, 6 anos antes de ele ser condenado à prisão perpétua pelo regime segregacionista.