Casos de dengue aumentam em Manaus na pandemia

Os casos confirmados de dengue cresceram mais de 200% na capital do Amazonas no comparativo dos primeiros semestres de 2020 e 2019.

Somente no primeiro semestre de 2019, foram registrados 173 casos confirmados de dengue em Manaus. Já no mesmo período de 2020, a capital possui 525 confirmações, o que representa um aumento de 203,5% durante o inverno amazônico e o agravamento da pandemia do novo coronavírus, que teve seu pico nos meses de abril e maio.

Segundo a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (Devae/Semsa), a enfermeira Marinélia Ferreira, a campanha tem o intuito de sensibilizar os manauaras sobre a importância de manter os cuidados contra o mosquito. “Os criadouros geralmente ficam no ambiente familiar e se estamos passando mais tempo em casa, estamos mais expostos ainda. É um alerta para que a população se atente tanto à pandemia quanto aos demais perigos”, pontuou.

Além da dengue, o aedes aegypti transmite também zika vírus e chikungunya. Apesar disso, as duas últimas doenças tiveram redução no mesmo período comparado, entre 2019 e 2020. O Devae contabilizou a queda de 33,3% dos casos confirmados da zika e de 95,2% em relação à chikungunya. A diferença se dá, pois a dengue possui quatro tipos de vírus, aumentando a possibilidade de contaminações.

“Neste ano, a dengue se sobressaiu, pois, de forma clínica, os vírus que têm um mesmo vetor como veículo de contaminação podem se alternar. E, além disso, a doença possui tipologias classificadas de 1 a 4, o que aumenta exponencialmente a capacidade de transmissão”, concluiu Marinélia.

A campanha municipal de combate ao Aedes aegypti se alia às visitas domiciliares de agentes de endemia da Semsa. Nas ações, é feita a busca ativa de criadouros, além de orientações aos residentes das casas, com distribuição do check-list adesivo Dez Minutos Contra a Dengue. Com esse material afixado na parede de casa, os moradores podem realizar, a cada sete dias, vistorias em suas residências, seguindo a lista de locais com possibilidade de proliferação das larvas do mosquito. As visitas são feitas mantendo o distanciamento social.

O chefe do Núcleo de Controle da Dengue vinculado à Semsa, Alciles Comape, explicou que a inspeção dos moradores deve ser feita semanalmente, pois a vida do mosquito é de sete a oito dias. “Criando esse hábito, a população reforça a proteção de suas casas, garantindo segurança não só da família, mas também de toda uma comunidade”, destacou, reforçando que durante a pandemia, com isolamento social, é possível ter um olhar mais atento para esses cuidados domiciliares. “Para vencer a dengue é fundamental que o poder público e sociedade caminhem junto”, finalizou.

Embora o período sazonal tenha passado, as doenças são transmitidas o ano todo. A principal medida de combate a criadouros em residências é evitar qualquer tipo de depósito de água, tanto dentro quanto fora de casa. É importante manter tanques, caixas d’água e camburões bem tampados, lavando-os semanalmente; evitar o acúmulo de água parada em garrafas, pneus e entulhos; limpar sempre calhas, lajes e piscinas; colocar areia nos pratinhos dos vasos; remover galhos e folhas das calhas, para desobstruí-las; e manter lonas esticadas e sacos de lixo sempre fechados.

Sintomas

Apesar das três doenças serem transmitidas pelo mesmo mosquito, há diferenças entre os sintomas que podem ajudar na distinção. A dengue costuma causar dor atrás dos olhos acompanhada de febre alta. A zika vírus desenvolve febre baixa, manchas na pele e coceira, sendo a doença mais relacionado a gestantes, pois causa microcefalia nos bebês. Já a chikungunya provoca dores em pulsos, mãos e tornozelos, acompanhada de inchaços e erupções na pele.

Em caso de sintomas, é muito importante que não se tome nenhum medicamento por conta própria. Se mantenha hidratado e procure uma unidade básica de saúde pois, nela, um profissional dará diagnóstico e a receita.

Focos de criadouros também podem ser denunciados pelo Disk-Saúde, no 0800 280 8280, de segunda a sexta-feira. Após o alerta, o município vai até o local para verificar se de fato existe o foco e, em caso de confirmação, é feita o controle químico com borrifação em um raio de nove quarteirões para conter o avanço do mosquito.

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