Argentina: ações sociais já causam impacto positivo na economia
Um documento elaborado pelo Centro de Economia Política da Argentina (CEPA) analisou as medidas tomadas pelo presidente Alberto Fernández desde o dia 10 de dezembro (quando assumiu o poder) até agora, e seus efeitos na economia do país.
A apresentação do informe começa dizendo que a postura da nova gestão representa “uma guinada de 180 graus” em comparação com o realizado pelo governo anterior, do empresário e político neoliberal Mauricio Macri, que terminou seu mandato com uma inflação acima dos 50%, um desemprego de 17% e, o pior de tudo, uma dívida de quase 50 bilhões de dólares com o FMI (Fundo Monetário Internacional), entre outros graves problemas econômicos.
Segundo números dos pesquisadores argentinos, o aumento do orçamento destinado a equilibrar a renda dos setores mais pobres e da classe média trouxe uma pequena recuperação do poder aquisitivo, com a injeção de um volume total de 102 bilhões de pesos (cerca de 6,9 bilhões de reais) através de programas de apoio aos aposentados e beneficiários de programas sociais familiares, como a AUH (sigla de Contribuição Universal por Filho, similar argentino ao Bolsa Família), além do lançamento de um programa de segurança alimentar e uma contribuição para trabalhadores dos setores público e privado que recebem salário mínimo, ou abaixo disso.
O informe do CEPA mostra que os bonos para os aposentados, no valor de 5 mil pesos (cerca de 350 reais), beneficiou mais de 2,5 milhões de pessoas, cerca de 60% dos aposentados do país, que ganham pouco mais de um salário mínimo por mês de aposentadoria.
No caso da AUH, programa destinado aos mais pobres, houve um adicional de 4 mil pesos (cerca de 270 reais), entregue às quase 4 milhões de pessoas inscritas no programa. Já para a classe média, a medida destacada pelo CEPA foi o bono aos trabalhadores do setor privado, que terá uma variação entre 6.000 e 9.000 pesos (entre 400 e 600 reais).
Também há medidas destacadas no informe para a recuperação das pequenas e médias empresas, que fazem parte da chamada Lei de Solidariedade, que visa perdoas multas e juros de dívidas de mais de um milhão de pequenos negócios, que acumulam uma dívida total de 440 bilhões de pesos.
Além disso, o Banco Central argentino decidiu reduzir a taxa de juros de referência para esse setor, além de um congelamento nas tarifas energéticas enquanto o governo elabora sua política nesse âmbito, a partir dos problemas causados pelo governo macrista – que realizou aumentos de mais de 2000% nas contas de luz e de gás – e que, inicialmente, alcançaria apenas os usuários residenciais, mas agora também será aplicado aos pequenos comércios e pequenas empresas.