Índices de coleta de esgoto em Manaus devem melhorar nos próximos dois anos, diz Trata Brasil
Ao todo 100 milhões de brasileiros não possuem coleta de esgoto. Somente 46% dos esgotos gerados são tratados.
Os índices de coleta e tratamento de esgoto na capital amazonense devem melhorar nos próximos anos, segundo defendeu o diretor-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, em visita a Manaus. A partir das melhorias que estão sendo feitas desde 2018 na rede de esgoto, o especialista em saneamento afirmou que a capital deve subir posições no ranking de saneamento das cidades brasileiras, pelo menos, nos próximos dois anos.
“O trabalho que está sendo feito atualmente em Manaus deve se refletir no futuro. Talvez ainda não seja visível no próximo levantamento com dados de 2018 do Instituto Trata Brasil, mas com certeza a capital vai subir posições em 2019 e 2020. Estamos acompanhando os projetos de saneamento básico e os investimentos que estão sendo feitos são visíveis. Muitas cidades brasileiras não conseguiram dar esse passo que Manaus está dando agora”, destacou Édison Carlos.
O diretor do Trata Brasil participou em agosto do Seminário Universalização do Saneamento – Desafios e Oportunidades, um dos maiores fóruns já realizados na capital com a presença de autoridades e especialistas da área. O evento promovido pela concessionária de água e esgoto Águas de Manaus tratou de temas voltados para o panorama, regulação e impactos socioeconômicos do saneamento. Na oportunidade, Édson afirmou que a problemática do saneamento básico não é exclusiva de Manaus.
“Ao todo, 100 milhões de brasileiros não possuem coleta de esgoto. Somente 46% dos esgotos gerados são tratados. No Brasil, é como se 5.600 piscinas olímpicas de esgotos fossem despejadas na natureza diariamente. Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo, mas ainda não conseguiu levar serviços de saneamento básico a todos os brasileiros. Quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada, o equivalente à população do Canadá”, disse.
PANORAMA DO SANEAMENTO – De acordo com o último Painel do Saneamento do Instituto Trata Brasil do ano de 2017, 12,25% da população de Manaus tem serviço de coleta de esgoto e 89,26% dos manauaras têm acesso à água. No Amazonas, 79,66% da população tem acesso à água e 9,37% da população tem acesso à coleta de esgoto. Já no Brasil, a população com acesso à água corresponde a 83,47% e 52,36% têm acesso a coleta de esgoto.
“A situação do saneamento na região Norte é dramática, mas as regiões Sul e Sudeste por exemplo têm estados com apenas 20% de coleta e tratamento de esgoto. Então, essa é uma problemática nacional, não só da região Norte ou de Manaus. Além dos problemas de saúde pública, a falta de saneamento também traz consequências no turismo, economia e no desenvolvimento das cidades”, alegou Édison Carlos.
O diretor-presidente da Águas de Manaus, Renato Medicis, falou sobre os desafios para ampliar os serviços de abastecimento de água tratada e de coleta e tratamento de esgoto residencial na cidade. “Temos planos concretos para esses setores e já começamos a promover melhorias como a inauguração de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE´s) e reservatórios de água tratada. Temos um investimento previsto de quase R$ 3 bilhões para garantir que em 2030, 80% de Manaus tenha cobertura de esgoto”, destacou.
Segundo ele, as intervenções para regularizar ligações de água na capital também serão implementadas. “Vamos realizar diversas intervenções na cidade para regularizar o abastecimento de água em áreas, que hoje, estão utilizando água irregularmente, como as ocupações. Já temos esses locais mapeados e queremos levar dignidade até essas pessoas, além de seguirmos implantando novas expansões de redes de água pela capital. Tudo isso vai colocar Manaus em outro patamar no cenário do saneamento básico do país”, disse Renato.
Manaus conta atualmente com 98% de cobertura de abastecimento de água e 20% de esgotamento sanitário residencial. Manaus possui quatro estações de tratamento de Água (ETA´s), que disponibilizam água para 98% da área urbana da capital, duas localizadas no Complexo Ponta do Ismael, na Compensa, e a Ponta das Lajes, na Colônia Antônio Aleixo. No total, entre ETAS e CPAS (centro de águas subterrâneas), 10 mil litros de água são produzidos a cada segundo em Manaus e a captação chega aos 950 milhões de litros por dia.
Atualmente, Manaus possui 182 Reservatórios com capacidade de armazenamento aproximado de 200 milhões de litros. Com os outros cinco novos reservatórios que estão sendo agregados ao sistema até o fim do ano (Compensa, Cidade Nova, Jorge Teixeira, Colônia Santo Antônio e Cidade de Deus), a capacidade de reserva será ampliada em 30 milhões de litros. 566 mil residências na cidade possuem ligação de água disponível, estimando-se um atendimento a mais de 2.2 milhões de pessoas na cidade.
Já em relação a coleta e tratamento de esgoto, Manaus possui 68 estações de tratamento de esgoto e 46 estações elevatórias administradas pela concessionária de água. São 600 quilômetros de rede coletora, interceptores e coletores tronco de esgoto. Atualmente, 20% da cidade possui cobertura de esgoto disponível, totalizando cerca de 105 mil residências. Até 2024, a atual capacidade será dobrada. A meta é chegar aos 80% de cobertura na cidade até 2030.
Para melhorar os índices de coleta e tratamento de esgoto, três ETES de médio e grande porte já foram inauguradas na cidade. Entre elas, está a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Timbiras, localizada na Cidade Nova. Ela é uma das maiores do Norte do País, tem capacidade de tratar 230 litros de dejetos por segundo e de atender 100 mil pessoas da região.
Outras duas Estações de Tratamento de Esgoto foram entregues pela concessionária em um ano de atuação na cidade: Villa Nova e Ayapuá-Xingu, localizadas nas zonas Norte e Oeste, respectivamente. Juntas, elas têm capacidade de beneficiar 17 mil manauaras. O esgoto coletado e tratado pela concessionária retorna para a natureza com 95% de pureza. Até o fim do ano, 40 mil metros de redes de esgoto serão implantados e ou substituídos.
“A ampliação do acesso ao saneamento básico traz uma série de impactos positivos. Além de promover saúde, reduzindo os índices de doenças de veiculação hídrica (diarreia, cólera, hepatite, verminoses e etc), a oferta de saneamento básico traz melhorias para o turismo, economia e no desenvolvimento das cidades. Tratar saneamento é investimento e vencer esse desafio é brutal. Este é um importante passo para a preservação da Amazônia”, concluiu Édison Carlos do Instituto Trata Brasil.
Fonte: Agência Brasil