Livro de escritor da etnia macuxi é uma viagem emocionante pelo imaginário indígena

Há leituras que te acalmam, outras que te inspiram. Mas há aquelas que te provocam, fazem você remexer na poltrona, sair mesmo da zona de conforto.

Assim, despretensiosamente, comecei a leitura do livro “Tardes de agosto, manhãs de setembro, noites de outubro”, do artista plástico e escritor macuxi Jaider Esbell.

E já nas primeiras páginas, em tarde chuvosa no janeiro amazonense, me surpreendi com o que li. Nem poema, nem crônica, mas com uma narrativa poética, às vezes surrealista e outras realidade crua, comecei me encantando com o livro de Jaider.

Da vida no lavrado de Roraima, das histórias da infância, do olhar atento que tudo percebia, nada faltou nessa obra que mescla autobiografia e relatos da paisagem roraimense.

Fino demais – apenas 78 páginas -, para quem quer sair mais zona de conforto, e suficiente para quem se predispõe a ser provocado, o livro “Tardes de agosto, manhãs de setembro, noites de outubro”, é um deleite à mente.

E como se profetizasse a vida, o autor escreve: “… o tempo correu com medo de nós e, nós, agora devemos reconstruí-lo. Frear as coisas como se fosse um mapa, esticar nossa realidade sobre uma mesa de cedro e olhar.”

Um pensador, um provocador, um inspirador, Jaider Esbell, militante das artes, geógrafo por formação, esgotou a primeira edição desse livro. Agora busca apoio para reedita-lo.

E enquanto ele não vem, deixo parte da “nota do fim” como a explicação mais pura do que é essa obra: “… me entrego e me desnudo nestas páginas… espero que, tendo lido, viva e olhe mais demoradamente para tudo, pois tudo te olha assim…”

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